domingo, 20 de janeiro de 2013

Não há maior lírico que um ciclista

Uma amiga (não ciclista) expressava-me no outro dia o seu espanto por este blog (manifesto poético em duas rodas) ser seguido "até por tantos gajos"...

Perplexo por tamanha incompreensão, retorqui explicando-lhe que, se ela pensasse bem, apenas poderia concluir que não haverá maiores líricos do que aqueles "seres estranhos" que insistem pedalar à torreira do sol e à inclemência do frio, sob a chuva e contra o vento, enfrentado escarpadas colinas e mastodontes motorizados, regras de trânsito discriminatórias e moralizações obtusas... bem como os habituais taxistas do vernáculo, ocasionais psicopatas ao volante e os peões de brega do costume.

Dizem que a bicicleta está agora na moda. Talvez... mas independentemente do exercício estético, andar de bicla em ambiente urbano continua a ser um gesto de coragem e uma expressão de idealismo cívico. Sobretudo... é uma verdadeira catarse romântica e uma exaltação de liberdade numa cidade desumanizada de chapa e betão. 

Quem anda de bina, sabe! E é por isso que quem aprende nunca esquece e quem anda não pára jamais.

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